segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sem fome de pão

Foi num dia qualquer, de um verão tropical, na cidade de Angra. Lugar paradisíaco que muitos estamos acostumados a ver estampados nas revistas e na televisão.

O garoto aproximou-se da casa bonita, colocou o rostinho entre as grades do portão alto e forte, e ficou olhando.

A dona da casa, senhora distinta, regava o jardim. Fazia a tarefa devagar, como quem distribui com as gota d'água um tanto de carinho.

O menino dos seus 9 anos, segurando com ambas as mãos as grades, de um lado e outro do rosto magro, pediu: "hei dona, tem pão velho"?

Ela se voltou surpresa. Fechou o esguicho d'água. Desde a sua infância, aquele tipo de situação a incomodava. Da adolescência trazia uma mensagem dentro de si de que, quando alguém pedia pão velho, na verdade estava dizendo: "me dá o pão que era meu e ficou na susa casa e você esqueceu de comer, porque tem muitas outras coisas deliciosas para saborear".

Ela caminhou até o portão e perguntou:

- "Onde você mora?"

Ele falou o bairro, bem distante.

- "Mas é muito longe", disse a senhora.

- "Pois é. Eu sei que é longe, mas eu tenho que pedir as coisas para comer".

- "Você está na escola?"

- "Não", disse ele. "Minha mãe não pode comprar material".

Agora, ela já estava tão próxima dele que quase o podia tocar. Ele tinha um rostinho tão delicado. Pena que estivesse um tanto sujo.

Pensou nos próprios filhos, tão bem cuidados, penteados, roupas limpas, calçados brilhantes e lancheiras cheias para ir para escola.

O rostinho miúdo parecia só ter olhos. Espertos. Inteligentes e sofridos.

"Seu pai mora com vocês?" Arriscou a dama.

"Ele sumiu", respondeu com voz triste.

O papo prosseguiu. Ela até esqueceu dos jardim e das flores. Ali estava uma flor muito mais importante e mais necessitada de água, adubo, terra fofinha.

Finalmente, ela se recordou da fome do menino e fazendo um gesto de quem se dirigia para dentro a fim de buscar alguma coisa, exclamou: "espere um pouco. Vou buscar o pão. Não tenho pão velho. Serve novo?"

"Não precisa não senhora. A senhora já conversou comigo. Tchau".

E desapareceu ladeira abaixo.

A resposta caiu como um raio no coração da mulher. Teve a sensação de ter absorvido toda a solidão e falta de amor daquela criança.

Um menino de 9 anos, já sem sonhos, sem brinquedos, sem comida, sem escola e tão necessitado de um papo, de uma conversa amiga.

Naquele dia a senhora aprendeu um novo significado para o pedido de pão velho.

Significa dizer: "convcerse comigo, dê-me a alegria de ser amado."

Por isso ela continua dando pão novo, fresquinho, com doce, manteiga, queijo e salaminho. Mas antes de tudo, ela compartilha o pão das pequenas conversas, um pão que nunca fica velho,porque é fabricado no coração de quem acredita Naquele que disse um dia: "Eu sou o Pão da Vida".


***


O pão mata a fome do corpo. A palavra nutre o coração entristecido.

Enriquecido, por esse tesouro, a palavra que vibra, sonora, em teus lábios estende esperança em volta, donde te encontras.

Distribui calor humano a quem se faz carente e alimenta essas vidas em desfalecimento , como quem rega um jardim em ardente dia de sol.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O que dirige a sua vida?

O que dirige a sua vida?

Todas as pessoas têm a sua via dirigida por alguma coisa, uns podem estar sendo guiados por pressão ou por um prazo limitado. Outros por uma lembrança dolorosa, uma crença inconsciente. Existem centenas de circunstâncias que podem definir sua vida. Segundo Rick Warren, escritor do livro "Uma vida com propósitos", existem quatro mais comuns:

Raiva: eles se apegam as mágoas, sem jamais superá-las. Em vez de aliviarem sua dor através do perdão, estão continuamente revivendo o fato em sua mente. Algumas pessoas dirigidas pela raiva "se fecham" e interiorizam sua raiva, enquanto outras "explodem sobre os outros". A raiva sempre machuca mais a você, do que a pessoa que trouxe tal indignação. Para seu próprio bem, aprenda com o passado e então se afaste dele.

Medo: seus temores são provavelmente o resultado de experiências traumáticas, expectativas ilusórias, do crescimento em um lar extremamente severo ou mesmo de predisposição genética. Independentemente do que tenha causado tal situação, pessoas dirigidas pelo medo com frequência perdem grandes oportunidades por uma coisa básica: o medo de correr riscos.

Materialismo: seu desejo de adquirir se torna o único objetivo de sua vida. É um grande mito o que as pessoas dizem:"ter mais me tornará mais feliz, mas importante e mais protegido". Riquezas podem ser perdidas em um piscar de olhos, em virtude de uma enorme quantidade de fatores incontroláveis. A verdadeira proteção só pode ser achada naquilo que nunca poderão tomar de você.

Aprovação: eles permitem que as expectativas dos pais, esposas, filhos, professores ou amigos controlem sua vida. Muitos adultos ainda tentam ganhar a provação dos pais que nunca estão satisfeitos. Outros são dirigidos pela pressão social, sempre preocupados com o que os outros podem pensar.

Seguramente não conheço todas as chaves para o sucesso, mas a chave para o fracasso é tentar agradar a todas as pessoas.

Então nós precisamos saber que:

1. Temos muito a desaprender: muitas pessoas vão ao psicólogo com uma problema pessoal que levou anos para se desenvolver e dizem: "Preciso que você dê um jeito em mim. Tenho uma hora". Ingenuamente esperam uma solução rápida para uma dificuldade enraizada há anos. Como a maioria de nossos problemas e todos os nossos hábitos ruins não se desenvolvem da noite para o dia.

2. Aprendemos lentamente: é comum termos de aprender uma lição quarenta ou cinquenta vezes para realmente captá-la. O problema se repete periodicamente, e pensamos "De novo, não! Eu já apendi isso!", mas esquecemos muito depressa as lições aprendidas e retornamos aos velhos padrões de comportamento. Por isso, precisamos de explicações por repetidas vezes.

3. Crescer é doloroso: não há crescimento se mudanças, não existem mudanças sem medo ou perdas e não há perdas sem dor. Toda mudança envolve perda de algum tipo.Você deve se livrar dos velhos hábitos para experimentar os novos. Tememos essas perdas, mesmo que nossos antigos costumes estejam fadados ao fracasso, pois como um par de sapatos usados, eram ao menos confortáveis e conhecidos.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ainda que...

Ainda que...


Ainda que não escreva livros...

és o autor de tua vida.


Ainda que não sejas Miguelangelo...

podes fazer da tua vida uma obra-prima.


Ainda que cantes desafinado...

tua existência pode ser um alinda canção, que qualquer afamado compositor invejaria.


Ainda que não entendas de música...

tua vida pode ser uma magnífica sinfonia que os Clássicos respeitariam.


Ainda que não tenhas estudado numa escola de Comunicação...

tua vida pode transformar-se numa reportagem modelo.


Ainda que não tenhas grande cultura...

Podes cultivar a sabedoria da caridade.


Ainda que teu trabalho seja humilde...

podes converter teu dia em oração.


Ainda que tenhas quarenta, cinquenta, sessenta ou setenta anos...

podes er jovem de espírito.


Ainda que as rugas já marquem teu rosto...

vale mais tua beleza interior.


Ainda que teus pés sangrem nos tropeços e pedras do caminho...

teu rosto pode sorrir.


Ainda que tuas mãos conservem as cicatrizes dos problemas e das incompreensões...

teus lábios podem agradecer.


Ainda que as lágrimas amargas recorram teu rosto...

tens um coração para amar.


Ainda que não o compreendas...

no céu tens reservado um lugar...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Carroça

Certa manhã, meu pai me convidou a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer.

Ele se deteve numa clareira de depois de um pequeno silêncio me perguntou:


- Além do cantar dos pássaros, você está ouvidno mais laguma coisa?

Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:


- Estou ouvindo um barulho de carroça.


- Isso mesmo, disse meu pai. É uma carroça vazia...

Perguntei ao meu pai:


- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?


- Ora, respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia, por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.


Tornei-me adulto, é até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, inoportuna, interrompendo a conversa de todo mundo, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:


Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz...